quarta-feira, 21 de julho de 2010

Meio-ser. Meio-perdão.

O teu meio-ser me desgasta.
Me faz pensar no mundo a fora,
Se estou melhor agora.
Se seria melhor ir embora.



Antes de corrigir nossos erros, temos que primeiro entende-los e enxergá-los.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Chuva

Como a chuva que cai lá fora,
Ela se vai, livre.
São gotas puras manchadas pela poluição.

Está suja pelo homem,
Está corrompida dentro da alma.
Está magoada, infeliz.

Como a chuva do fim de tarde,
Que traz a solidão.

Depois que a chuva cai, ela se vai
Se perde no asfalto. Evapora.
E nunca mais será a mesma: chuva.


"Magoar alguém é transferir para outrem a degradação que temos em nós."
Simone Weil

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Dias depois

Um novo ciclo começou. Eu digo pra mim que é assim: que não dói e não é nada. E fico tentando acreditar. Os dias ficam mais claros dessa forma. Eu sinto sua mão sobre o meu rosto, sobre o meu corpo, e naquele instante tudo é verdade.
Quando me encontro com o passado alguma coisa aqui dentro queima, dói e me desfalece mais uma vez. Por isso tenho fugido como se significasse a minha vida. Tenho evitado tocar nas feridas que ainda não estão cicatrizadas: sei que ainda doem, mas eu não me disponho mais a vê-las.
Sei que tudo está vivo. Vivo até mais do que deveria estar. Sei que olho os pecados todos os dias, como uma coisa que me persegue. Sei que terei conviver por muito mais tempo com os vestígios de tanta dor. Elas estão ali para não me deixar esquecer. Esquecer de tanto sofrimento que ainda arranca dias de lágrimas de mim, que diminuem meu sorriso, e que ainda me fazem lembrar que isso não é a felicidade.

Deixa que o tempo vai passar, vai me trazer de volta tudo que me foi negado. Deixa o tempo, porque o sonho não acabou, ele está lá e vai me trazer a vida. Deixa o tempo, que Nele é só acreditar.
Mais uns dias e tudo vai passar e mudar.
Um sonho não morre com facadas, não morre quando o sangue esvai. Um sonho estará ali enquanto tiver alguém para sonhar.

Eu sei que é um tiro no escuro, e assim que vamos crescendo e melhorando dia após dia. Riscos são necessários em uma vida incerta.
Pergunto-me se agüentaria mais uma vez essa magoa no meu peito e decidi não me questionar mais, deixar o tempo passar e me dar as respostas; e esperar que Ele cuide de mim, pra que a dor não venha mais, e se vier não me tire a vontade e razão de viver de uma vez por todas.
Eu acredito que não há nada a fazer, que não seja sentar e esperar que você me faça feliz de novo, que me mostre que não existe lugar melhor que o seu abraço, e que prove que em você eu posso confiar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Suicídio

É engraçado como a vida tem começo, meio e fim. Não adianta pular uma fase, não adianta ignorar o que acontece, não adianta tentar esquecer, não ver, tentar não crer.
Fatos são relatos históricos com o quais podemos nos vangloriar, ou não! São marcos impregnados na pele, no corpo, no sangue. Estão ali para te fazer lembrar que não existem tantos motivos para sonhar. Estão entalhados para não te deixar esquecer que a realidade é dura e imperfeita.
Dores que penetram no peito, tão fundo no poço que os olhos não conseguem ver... o caminho se torna difícil, torvado, malvado, cheio de galhos e espinhos. Quando olhamos para nós mesmos, estamos ali tomados pelo sangue que encharca nosso corpo, e ninguém entende a sua dor.
Queria apanhar, ser surrada, espancada. Queria ver feridas aparentes, daquelas que você trata e consegue ver a epiderme se recompor. Se for para sofrer, queria sofrer por fora. Queria tocar cada rasgo do meu corpo, queria algo palpável e mensurável.
A dor que se sente por dentro é atormentante e avassaladora. É com um câncer que destrói cada órgão vital, é como veneno no sangue que se espalha em segundos. Ela minimiza cada instante de felicidade, te faz sentir a incerteza, te tira o rumo, te faz perder.
Essa dor maldita te corrompe, te devasta, te extingui.
É um suicídio. Porque você se mata, sem querer, de dentro para fora.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

À noite

A noite é um mistério.
Vejo tudo preto, me desligo,
Mas nessa hora tudo muda em mim.

Eu acordo mais viva (ou não);
Eu acordo passiva (ou não);
Eu simplesmente: acordo.

A noite é um mistério,
De sonhos inconscientes.
Eles me perturbam tanto que nem eu sei.
Eu não os vejo, mas estão lá.

Eu durmo, mas não durmo.
Eu acordo meio morta, meio viva.
Eu vivo do que está preso em minha mente.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Outro nó



Eu queria acreditar no que você me diz,
Arrancar toda essa dor do meu coração,
E por mais uma vez ser feliz.

Mas algo está gritando aqui dentro,
Pedindo para não ser esquecido.
A cicatriz dói junto com esse novo nó.
Tudo que é passado, na verdade estava só adormecido.

Prove que tudo será diferente,
Seja diferente.
Seja tudo que deveria ter sido,
E seja melhor.

Eu preciso sair da minha mente,
Ela me julga, me prende.
Mostra-me que eu não errei,
Nem agora, nem nunca.

A dor me maltrata, me ferre.
Até quando tudo isso será assim?
Até quando tudo vai doer tão fundo?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Fases



Sou feito de fases, de atos, de dores, de amores.
Sou mutável, mutante, mudado.
Sou o gelo, sou fogo.

Sou aquilo que não queria ser,
Doentio, febril, gelado.
Sou o azul do fogo que queima intensamente,
Quanto mais frio, mais quente.

Sou a chama forte, louca, e intensa
Que arde com furor.
Sou o que queima com o vento
Quanto mais quente, mais frio.

Sou a dor em pessoa,
Sou mutável, mutante, mudado.
Sou o amor.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Um dia para se lembrar



Tudo foi como um sonho de primavera,
Sua boca estava quente e seus olhos em chama.
Eu me entregava enquanto o coração ardia.

Tudo estava nítido, eu com o coração partido;
Precisando crer, precisando ver.
Estava consumida pelo um momento espontâneo de alegria,
Eu ria e sorria.

Tudo tinha prazo:
O tempo das estrelas brilharem e me encantarem.
Enquanto o sol não nascesse,
Você estaria lá.

Encontro-me num labirinto,
Enquanto me perco em seus lábios.
No fim do túnel há luz.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Mais 5 em vão



De todos os olhos que olhei,
Sempre acredite.
Estava errada, erroneamente enganada.

Hoje a ferida está exposta,
Como um tumor que cresce com o tempo:
E os minutos são horas, dias, semanas, meses pra mim.
Estou doente, febril, condenada.

Nas palavras que você diz, já não posso acreditar.
Estou aqui, mas estou aí.
Um espécie em extinção,
Morta pelas suas balas, pelas suas armas.

Não há remédios que possam me curar.
Há apenas a faísca do que poderia ter sido,
Mas o fogo tem deixado de queimar.